Passar por uma pandemia muda tudo. Esta é sem dúvida a primeira experiência do gênero para todos nós e este cenário traz reflexões muito profundas sobre o mundo dos negócios.
Deixando de lado o horror humanitário e os grandes erros cometidos por nossos governantes, a verdade é que a pandemia foi uma espécie de "ensaio geral" para um novo mundo mais turbulento. Sem ela, todos ainda estariam caminhando para este futuro incerto, porém sem nenhuma referência, sem ter "ensaiado".
A tecnologia está engolindo tudo e o mundo dos negócios avança em uma direção onde as empresas precisam competir com base em velocidade e escala.
Nós precisamos nos tornar essa empresa. Tenho refletido muito sobre o assunto e três grupos de perguntas rondam constantemente meus pensamentos. Gostaria de dividi-los com vocês.
1. O primeiro grupo é sobre construir uma empresa capaz de se adaptar rápido:
Será que estamos fazendo um bom trabalho para nos adaptar para o que vem no futuro? Como prever o que vai acontecer em um mundo onde tudo muda tão rápido? Certamente, é possível avançar com um melhor planejamento estratégico e de cenário, mas essa pergunta tem capacidade limitada para resposta.
R: Atualmente minha visão é de que, no futuro, a capacidade de adaptação bem sucedida terá muito mais a ver com reagir muito, muito, muito rápido do que com prever o futuro de forma eficaz.
2. Outro grupo tem a ver com a velocidade de reação à mudanças no comportamento do consumidor:
Dado que reagir muito rápido às mudanças no comportamento do consumidor é premissa para o sucesso, o que temos feito para dar cada vez mais autonomia para a ponta poder aprender e inovar? Isso feito, como criamos a consistência necessária para gerenciarmos nossa empresa em alto nível? Como mantemos os benefícios de um insurgente adaptável e os benefícios da escala? O que significa ser mais adaptável?
R: Atualmente minha visão é de que ser veloz e adaptável é sobre ter as melhores pessoas e dar autonomia a elas. A única forma de fazer isso bem feito é com pessoas incríveis em todas as áreas da empresa, densidade de talentos é absolutamente crucial. Precisamos atrair, reter e dar oportunidade aos melhores de forma obsessiva, e manter eles focados no cliente, ao mesmo tempo que cortamos rapidamente todos aqueles que não estão comprometidos na mesma medida.
3. O último grupo de perguntas tem a ver com manter o foco no cliente:
Como não perder o pulso do que realmente acontece na ponta? Como aprender com cada experiência e melhorar? Como coletar os dados certos destas experiências e tirar as lições corretas de cada uma?
R: Atualmente minha visão é que a única forma é através da obsessão pela linha de frente, pela arena, pelas trincheiras, pela "rota" e não pelo PPT. Os insurgentes sabem que não existe estratégia a menos que seja traduzida nas rotinas e comportamentos das pessoas mais próximas do cliente. Precisamos ser implacáveis no trabalho e na valorização da linha de frente da nossa empresa.
Agora é a hora de uma mudança radical. É a nova era de negócios que está se acelerando em direção ao presente. E, da forma mais simples possível, exige que se aprenda a competir com base em escala e velocidade, o que desafia mais de 100 anos do sistema de gestão profissional.
Olhando o passado do mundo dos negócios, é possível identificar um ciclo: mais ou menos a cada 50 anos a natureza das empresas muda. As alavancas que as empresas usavam e que funcionaram bem nos 50 anos anteriores mudam e, então, deixam de funcionar.
Essa nova era exige uma maneira diferente de ver a empresa.
Não é apenas sobre dirigir o negócio, mas sobre mudar o negócio constantemente. Portanto, é preciso dispor de tempo igual entre a entrega das coisas que já são conhecidas e o desenvolvimento das novas coisas para competir no futuro. E tanto entrega quanto desenvolvimento requerem escala e velocidade.
Por fim, quero fazer todos refletirem sobre um grande erro.
No mundo hiper dinâmico em que vivemos, seria um grande erro tentar dar algum tipo de certeza às pessoas.
Quando, inadvertidamente, se cria muita estabilidade e certeza, o que retém recursos em silos e os impede de ir onde são necessários, tem-se um contexto que suga a alma das pessoas envolvidas. Há um roteiro sobre seguir o fluxo, não arriscar, não fazer mudanças e chegar aonde precisa ir no mapa.
A nova metáfora da carreira neste mundo hiper conectado e dinâmico é como um passaporte com selos. Minha visão sobre o futuro de uma empresa moderna passa longe de coisas como "plano de carreira"... e se parece muito mais com algo como:
“Bem-vindo à organização. Não tenho ideia do que você vai fazer especificamente em um mês, mas aqui está o mundo. Viaje por ele, colete o maior número possível de carimbos de passaporte e comemore o sucesso de cada equipe a que você se juntou. A propósito, não posso lhe dar um mapa porque você terá que navegar, mas aqui está uma bússola. E aponta diretamente para nossa missão e princípios. Siga isso e você chegará ao lugar certo”.
É preciso se mover para este destino. Este é o novo roteiro.
Que essa sequência de e-mails seja um convite para pensarmos juntos em como seguir pra frente, sempre fazendo a diferença por onde passarmos.
Rapha